quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Ao cair da noite na cidade

Era uma fria noite de inverno e Valérie estava na sacada de seu apartamento no sul do Brasil observando a chuva que caía. Na sua cabeça pensamentos mil acerca das coisas do mundo e de tudo aquilo que a incomodava. Era uma noite de sábado e não havia muito o que fazer na cidade pois estava no meio de um feriado prolongado e seus amigos estavam, a maioria viajando.

Viagens, ela gostava muito de viagens. Mas de um tempo para cá passou a cansar dessa rotina de estar toda hora em um lugar diferente, longe de casa e de suas coisas. Acaba não tendo vínculos com os locais onde estava e seus amigos acabavam se resumindo aqueles que tinham acesso a rede mundial de computadores e lhe escreviam de vez em quando para saber como estava ou para contar alguma novidade.

Já tinha lido muito sobre esse novo conceito de modernidade líquida e fluída e tinha certeza que não era isso que queria para sua vida. Valérie queria fixar raízes para além das conquistas materiais que obtivera até então. Queria viver um grande amor, estar apaixonada e sonhar com um futuro que não fosse somente aquele, de ser uma profissional da web bem sucedida. Queria ser que nem as pessoas comuns e no fim de semana estar em casa com seu amor vendo um filme antigo e sentindo o calor de um abraço carinhoso onde pudesse se aconchegar e livrar-se da frieza nos bits e bites que eram o quotidiano de seu ofício.

Na sala seu laptop aberto no último projeto que estava trabalhando e que dentro de duas semanas a levaria a Milão para apresentar os resultados na sede da empresa multinacional que a havia contratado. Gostava muito da Itália, já estivera lá várias vezes, conhecia Roma, Pádova e Veneza e sonhava com um retorno diferente a estas cidades. Queria lá estar e viver dias inesquecíveis com um homem que lhe fizesse feliz, que lhe fizesse se sentir aquecida e longe do mundo das máquinas e do corre-corre dos projetos que sempre estava executando. Queria amar e sentir-se amada.

E aí estava Valérie, chegando aos trinta anos de idade, bem sucedida profissionalmente, mas com muitos anseios, sonhos e desejos em aberto, olhando a chuva que caía na cidade de Porto Alegre pela sacada de seu apartamento próximo ao centro da cidade. Na rua, pessoas que iam e vinham numa dança caótica de carros e guarda-chuvas que buscavam domicílio entre seus entes amados, que tinham alguém em sua casa esperando-os. Mas Valérie, não. Já estava em casa e a única coisa que a esperava era a fria tela de seu computador para que terminasse o projeto que estava em aberto.

Estava cansada do silêncio mortal que tomava conta do apartamento. Foi até a sala, passou por seu laptop, pegou o Ipod que estava sobre a estante e conectou ao aparelho de som. Ouvi-se um breve clique do reconhecimento da conexão e passou a navegar pelas cerca de oito mil músicas que povoavam a gigantesca memória flash do dispositivo até encontrar o álbum que queria, deu um play pegou o maço de Marlboro Light e voltou a sacada onde, agora, sentada em cadeira tragava lentamente a nicotina para dentro de seus pulmões, sentindo-a tomar posse de seu corpo, dando-lhe uma breve sensação de relaxamento.

A música entrava suave por seus ouvidos e fazia-a viajar em suas lembranças. O álbum escolhido não ao acaso levava-a a regressar a sua última estadia em Montevidéu quando conhecera uma casal de psicólogos que lhe apresentara as musicas de um cantor popular daquelas bandas do Rio da Prata. Seu nome: Eduardo Darnauchans. A música: Cápsulas. Era como dizia a música que ela se sentia naquele momento quando estivera na capital uruguaia, pois, este havia sido um momento difícil de sua vida, onde, pela primeira vez havia ficado cerca de quatro meses longe de seu apartamento, de suas coisas, das pessoas que gostava.

Em sua cabeça entravam os versos de Darno a lhe dizer que: El pobre Juan de Dios tras de los extasis del amor de Aniceta fue infeliz y pasó tres meses de amarguras graves y tras lento sufrir se curó con prosac y con las cápsulas de lexotanil. E que: Enamorado luego de la histérica Luisa una rubia muy sentimental se enflaqueció se fue poniendo tísico y al año y medio o más se curó con el Viagra y con las cápsulas de eter de clertal. Mas que por fim: Desencantado luego de la vida, filósofo sutil a Leopardi leyó y a Shoppenhauer y en un rato de speed se curó para siempre con las cápsulas de plomo de un fusil.

E pensando na música revivia o isolamento daqueles dias frios no exterior quando estava a desenvolver um grande projeto para uma cooperativa de leite da cidade. Os dias e as noites eram frias e as ruas estavam sempre recobertas pelas folhas dos plátanos que povoam a cidade. Prédios antigos e cinzentos de décadas passadas povoam a cidade dando a sensação te estarmos em outro tempo que não o presente.

Mas esse tempo fora do Brasil foi bom para me (re)conhecer e saber as coisas que realmente me incomodam. Nas noites frias uruguaias aprendi a novamente olhar para dentro de mim mesma e com isso aprender a lidar com criaturas que criei, com temores que tenho. Sou parte de uma sociedade esquizofrênica e individualista que se constrói sobre relações superficiais e tênues. Não conhecemos muito dos outros. Só sabemos destes o essencial. Essência que muitas vezes perdemos nos acórdãos peremptórios de nossa vida.

Sozinha no seu apartamento, naquele momento, Valérie queria era encontrar sua própria essência, algo que as agruras da vida tinham tirado dela. O caminho era longo e sabia que não seria nada fácil sair de mais aquela crise. Ah essas crises... elas estavam se tornando cada vez mais freqüentes, mas já se conhecia um pouco mais e sabia, hoje, lidar melhor com isso.

sábado, 12 de junho de 2010

Caindo em espiral no vácuo

É incrível e apavorante, mas não sei descrever nesse momento a tristeza que sinto. Sinto um vazio, um vazio tão grande no meio, algo que agoniza, que corta, que dói. Minha cabeça devaneia, voa longe. O mundo e o fato de eu estar nele parece não ter sentido, parece-me que tenho medo de viver.
Me ocupo coisas poucas e com devaneios irreais que me fazem sofrer, e sofrer muito, mas não consigo excluir tais pensamentos de minha cabeça. O ócio parece deixar-me doente, sem vontade de nada fazer... como agora que estou no bar escrevendo essas reminiscências quando deveria, em verdade, estar escrevendo minha tese de doutorado.
Nesse vazio de algo que parece que está por vir a cabeça pensa coisas mil e medos que temos desde muito tornam-se monstros com os quais passamos a ter que conviver. Não gosto dos monstros que criei, nem quero conviver com eles. Quero libertar-me, mas sinto-me sem forças e tomado pela dor agonizante de sentir-se só, deslocado, sem causa ou porque.
Meus olhos se enchem de lágrimas mas o choro não sai. Meu peito estufa-se na vontade de gritar, mas nem um breve sibilar soturno se faz presente. Preciso reagir, mas não sei exatamente como pois, se não reagir, sinto que vou estagnar. E, parar no tempo.
Pela janela as pessoas vão e vêm num movimento caótico e desordenado, rumam para todos os lados e para lugar nenhum. Rumam para todos os lados, mas as vezes não saem do lugar. E um vai-e-vem que foi, e agora, já é.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Ao cair da tarde...

Ao cair da tarde os monstros que criamos começam a sair da escuridão cheios de vida e força, e nós, exauridos e assustados não sabemos como detê-los, como fugir deles, como não deixar que nos afetem.
Viver no mundo moderno é uma luta constante contra si mesmo e o mundo. É viver na incerteza daquilo que comumente se chamou de modernidade líquida. E, é, essa fluidez que nos escapa por entre os dedos que nos assusta pois, ao mesmo tempo que temos tudo, não temos nada.
Não acreditamos em nada, não temos mais utopias. Os sonhos acabaram mas a vida não e, então, o que fazer, se como diria John Lennon em uma de suas canções: você ainda pode sonhar...Mas sonhar com o que e para quê? Essa é a grande questão!

Pensar...



As vezes o mundo tenta nos pregar algumas peças. Nossa mente nos engana e somos ludibriados por nós mesmos. Nesse momento ficamos no limiar da fronteira do real e do irreal. Este, um lugar assustador aos neófitos que por ali passam. É hora de tomar as rédeas do mundo na tua mão e conduzir o corcel negro pelos caminhos que deseja e não mais ficar ao belprazer de teu cicerone e dos  caminhos que vais a percorrer. Lutar se for preciso, mas nunca se entregar e desistir pois a vitória se conquista aos poucos. Recuar, só se for para pegar impulso. No limiar entre o presente que se passa e o passado que passou o futuro se descortina a nossa frente tenaz e indomado. Não podemos ter medo do futuro pois este é o resultado de nossas escolhas passadas e presentes, é fruto que não cai longe da árvore, é a semente que germina a sombra protetora de seus antepassados.

sábado, 8 de maio de 2010

Saiu no "O Barata" da Unijuí de 31 de março de 2010


Pensar a temática da transcendência das religiões é o tema que abordei em entrevista concedida a Murian Cesca do Jornal "O Barata" da Unijuí.

Neste sentido, como deixo claro na entrevista que o que importa antes de mais nada é o respeito a diferença pois, só assim, continuaremos a evitar o clima de belicosidade que muitas religiões hoje em dia se utilizam como forma de auto-promoção de sua doutrina.

Aceitar o outro é muito mais do que apenas lidar com a diferença, é, acima de tudo, respeitar aquele que por quaisquer razão que seja, professa uma fé diferente da sua.

A página com a matéria completa intitulada "Para além da vida" encontra-se ao lado, para lê-la, basta clicar sobre a imagem que ela irá se ampliar no seu navegador.


Google está criando uma máquina do tempo?

Não,como você pensou agora, ela não irá transportar você para o passado assim que você digitar um ano em sua caixa de busca do Google, mas permitirá, todavia, que técnicos da Google pesquisem seu futuro. Isso mesmo, que saibam tudo sobre você.

O sistema se chama “Recorded Future” (ou “registro futuro”) e ninguém no mundo da informática tem muitas informações sobre essa ambiciosa ferramenta, o que se sabe, porquanto, é que analistas financeiros e outros profissionais poderão ter acesso a projeções do mercado futuro.

Como funciona o sistema? É simples, ele pesquisa usando a internet e coleta o máximo de referências a eventos futuros que ele encontra, criando uma base de dados sobre você ou sobre algum item, tema ou assunto específico. Depois, um algoritmo analisa tudo e coloca as conclusões à disposição do usuário.

O usuário, por sua vez, pode usar três tabelas de pesquisa: “quem”, “o que” e “quando”.

Parece muito simples, mas, com a Google, é difícil prever o futuro.

Direto da [Gizmodo]

quinta-feira, 18 de março de 2010

E se a Internet pifar: 5 cenários apocalípticos

E se a Internet pifar: 5 cenários apocalípticos


Por InfoWorld/EUA (Dan Tynan)

Publicada em 18 de março de 2010 às 07h00

Cenário apocalíptico 1: Apagão nacional

Notícia urgente: ataque hacker contra instalações de distribuição de energia provoca enormes apagões pelo país e deixa milhões de pessoas sem eletricidade.

Acredite: o sistema que controla as usinas geradoras de energia dos EUA foi construído há cerca de 40 anos, quando a internet era apenas um punhado de universidades ligadas por modems de 300 bps.

“Antigamente, todo sistema de energia em qualquer parte do mundo era considerado uma ilha”, diz Robert Sills, CEO da RealTime Interactive Systems, que oferece soluções de segurança para aplicações de controle industrial. “Não havia tecnologia disponível para conectá-los. Agora existe.

O lado negativo dessa conectividade toda é que, se uma subrede for sobrecarregada, as outras poderão cair como dominós. Isso aconteceu nos EUA em agosto de 2003; 55 milhões de americanos e canadenses ficaram sem luz.

E nem é preciso ter um Homer Simpson no controle. Pode ser um funcionário contrariado em busca de vingança – como o engenheiro de software da empresa de esgoto da Austrália que, em 1991, despejou 1 milhão de litros de detritos em água limpa.

Ou pode ser um invasor externo que usa as portas de manutenção do sistema para ganhar acesso à rede. Sills diz que a maioria das subestações de força é vulnerável a ataques desse tipo. Uma vez dentro dele, o hacker poderia simplesmente alterar algumas configurações e deixar os sistemas automáticos de recuperação de incidentes fazer o resto.

Cenário apocalíptico 2: E-bomba afunda sistema financeiro
Notícia urgente: arma eletromagnética paralisa centro financeiro de Nova York, causando danos a equipamentos e interrupções no fornecimento de energia em grande escala; mercados deixam de operar.

Não é preciso detonar uma bomba nuclear para criar um pulso eletromagnético forte o bastante para causar danos sérios. Existem aparelhos que emitem sinais de alta freqüência capazes de fritar equipamentos eletrônicos, e de estragar qualquer informação que não esteja gravada em mídia magnética ou óptica. Essas “bombas” não são facilmente rastreáveis porque a própria máquina destrói as provas de seu uso.

Um furgão com um aparelho desses na traseira poderia derrubar boa parte da economia de um país, caso fosse ligado em centros financeiros como Manhattan, diz Gale Nordling, CEO da Emprimus, empresa que ajuda corporações a se proteger contra ameaças de pulsos eletromagnéticos de origem não nuclear. Parar um país inteiro, no entanto, exigiria uma bomba nuclear.

Uma vez que a máquina fosse ligada, PCs e data centers teriam ido para o espaço. Celulares poderiam funcionar, mas sem as torres das operadoras eles seriam inúteis. O carro não daria partida. Controles automatizados de estações de água e energia não funcionariam. E, se a bolsa de valores de Nova York parasse, as ondas de choque iriam se alastrar por todo o planeta.

Cenário apocalíptico 3: Google fora do ar
Noticia urgente: milhões de internautas que tentaram acessar o maior site de buscas do planeta receberam mensagem de “página não encontrada”; todos os serviços do Google estão inacessíveis.

O Google entrou de tal forma em nossas vidas que já não imaginamos o mundo sem ele. Especialistas afirmam que, para derrubar uma empresa tão bem entrincheirada, seria preciso alguém de dentro – não necessariamente um funcionário mal intencionado, apenas alguém estúpido (se é que existe tal pessoa por lá) com os devidos privilégios de acesso.

E olhe que não é algo de todo impossível. Em dezembro, invasores convenceram funcionários do Google a visitar um site malicioso, que explorou uma vulnerabilidade do Internet Explorer para instalar uma “porta dos fundos” na rede do Google. De lá, eles acessaram o Gmail de dissidentes chineses.

“O principal vetor de obtenção de acesso ao interior de organizações hoje são aplicações maliciosas instaladas na rede”, diz Nir Zuk, fundador e CTO da Palo Alto Networks, empresa de segurança de rede.

No pior cenário, um empregado do Google simplesmente instala uma aplicação na rede, e por meio dela invasores externos enganam o firewall da empresa.

Uma vez lá dentro, os invasores poderiam vasculhar a rede até encontrar os centros de comando e controle dos data centers do Google. Daí, eles poderiam desligar tudo, não sem antes deixar uma bomba lógica para corromper os bancos de dados da empresa.

Cenário apocalíptico 4: Desligaram a internet
Notícia urgente: a internet entrou em colapso hoje quando milhões de internautas foram redirecionados para sites errados, causados por problemas com o sistema de nome de domínio.

Pode a internet sair do ar? Muitos especialistas dizem que não, com o argumento de que há muitos canais de comunicação, muitas redundâncias, e uma arquitetura projetada para contornar pontos de falha.

“É muito difícil derrubar a internet inteira, a menos que ocorra um incidente global de pulso eletromagnético que acabe com tudo de uma vez”, avalia o Dr. Ken Calvert, membro do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Kentucky. “Há uma variedade de tecnologias para tráfego de bits em todos os níveis, como satélite, fibra ou ondas. Há muita redundância.”

Mesmo que a internet não possa ser desligada totalmente, exceto por um ato de Deus (sobre isso, veja o Apocalipse 5), hackers poderiam provocar o caos se atacassem um ponto fraco: o sistema de nomes de domínio. Ao sequestrar o tráfego destinado a diferentes domínios, os hackers podem levar internautas ingênuos a visitar sites maliciosos, ou derrubar qualquer site com uma inundação de tráfego, ou simplesmente enviar todo mundo para um único site, como o Google.com ou o Yahoo.com – tornando a internet sem uso para um grande número de pessoas.

“Todo mundo confia no DNS, mas ele não é realmente confiável”, diz Rod Rasmussen, presidente e CTO da empresa de serviços antiphishing Internet Identity. “O sistema em si não é bem protegido. E tudo que você precisa é de um nome e uma senha para assumir o controle de um servidor DNS ou de um domínio particular.”

Os invasores não precisariam nem atacar servidores DNS, nem envenenar seus caches. Eles poderiam fazer o mesmo estrago tomando o controle de grandes empresas de registro de domínios. Uma infiltração bem-sucedida na Network Solutions, por exemplo, poderia colocar os invasores no controle de mais da metade dos domínios de todas as instituições financeiras dos EUA, diz Rasmussen.

De lá, os invasores poderiam redirecionar internautas para sites falsos e, mais tarde, usar suas senhas para fazer a conexão e roubar suas contas. Ou eles poderiam simplesmente ter como alvo grandes domínios com bastante tráfego, ou promover o caos bagunçando os servidores de tempo da internet.

Cenário apocalíptico 5: Ira de Deus
Notícia urgente: esta reportagem tem sido espalhada boca a boca, porque nada mais está funcionando. Cientistas acreditam que uma enorme explosão solar atingiu a atmosfera da Terra, causando pane nas redes de eletricidade e de comunicação de todo o mundo. Também recebemos notícias de terremotos e tufões, mas que ainda não foram confirmadas.

Pense nisso como a mãe de todas as sobrecargas elétricas. O sol cospe uma enorme nuvem de plasma superaquecido de tamanho diversas vezes superior ao da Terra, e que bate em nossa atmosfera. Partículas supercarregadas viajam pela superfície do planeta, fritando todos os transformadores de energia que encontrar pela frente. Resultado: blecaute mundial instantâneo.

Parece um roteiro de Hollywood. Mas foi exatamente isso que aconteceu em Quebéc, no Canadá, em 1989. Naquele ano, uma tempestade solar de pequenas proporções deixou 6 milhões de pessoas sem energia.

“A probabilidade de a internet parar totalmente é quase zero, mas se tem algo capaz de derrubar a rede mundial é uma tempestade solar”, diz o consultor de segurança Robert Siciliano. “Uma bola de plasma atinge os campos magnéticos da Terra, e os transformadores que gerenciam nossa rede elétrica fritam. Seria literalmente uma tempestade perfeita, de proporções cataclísmicas, que derrubaria a eletricidade e a internet ao mesmo tempo.”

quarta-feira, 17 de março de 2010

Seminários de Antropologia na UnB

Seminários do DAN - 1/2010

Coordenação: Andréa de Souza Lobo & Juliana Braz Dias

Local: Sala de Reuniões do Departamento de Antropologia

Horário: 16:00 horas

Programação:

Março

24 - Gonçalo João Duro dos Santos (Department of Anthropology, London School of Economics): ‘‘Leilões de palavras' e torneios de virtude no Sul da China. Uma abordagem etnográfica ao universo da imaginação ética”.

31 - Florian Mühlfried (UNICAMP/ Max Planck Institute for Social Anthropology): “Newborn Citizens in a Post-Soviet Landscape”.

Abril

07 - José Antonio Kelly Luciani (UFSC): “Indianización del estado y anti-mestizaje indígena en Venezuela”.

28 – Henyo T. Barretto Filho (IEB):

Maio

12 - Carlos Steil (UFRGS): “Corpo, paisagem e espiritualidade. Um olhar antropológico sobre o centro ecológico Rincão Gaia - Pantano Grande, RS”.

26 - Paulo Abrantes (UnB): “A Cultura na Antropologia Biológica Contemporânea”.

Junho

9 - Annette Leibing (Universidade de Montreal): “Heterotopias - Corpo, cidadania e hipertensão numa favela carioca”.

23 - Ruben Caixeta de Queiroz (UFMG/UnB): “Redes de Grupos Locais no Norte-Amazônico: uma análise espaço-temporal do complexo Tarumã/Parukoto”.

Inscrições para Certificado: De 22 a 29/03/2009

Local: Departamento de Antropologia/UnB – ICC Centro –Sobreloja- B1-347

Observação: Os seminários são abertos ao público em geral. Para obtenção de certificado é necessário o comparecimento em seis palestras.

Velocidade de dobra é mortal para seres humanos

O capitão Kirk vai querer evitar a velocidade de dobra da Enterprise depois dessa, a não ser que ele esteja querendo que toda a sua tripulação seja bombardeada com uma radiação letal vinda de átomos de hidrogênio.

No espaço, há apenas dois átomos de hidrogênio por centímetro cúbico, o que não causa nenhuma ameaça para espaçonaves viajando a baixas velocidades. Mas eles se tornam verdadeiras minas para uma nave que viaja a uma velocidade próxima à da luz, de acordo com cálculos baseados na Teoria da Relatividade de Einstein.

A hipótese é que a velocidade da nave seria tão alta que os átomos de hidrogênio passariam diretamente por ela, atravessando não só a Enterprise como seus tripulantes e irradiando a todos.

Físicos mostram que uma nave viajando a 99% da velocidade da luz receberia dez vezes a dose fatal de radiação para um humano. E essa não está nem perto de ser a velocidade necessária para cruzar a Via Láctea em 10 anos.

Alguns trekkers protestam, dizendo que a Enterprise teria escudos para prevenir essa radiação, mas essa é outra história.

A conclusão dos pesquisadores foi que a radiação pode ser a causa da Terra ainda não ter sido visitada por nenhuma raça de alienígenas.

Fonte: Hyperscience direto da [MSNBC]

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Conto de Natal (5): El Laucha por Paula Alajarin

Nació en el Hospital la madrugada del 25 de diciembre. Le dicen Laucha, pero se llama Diego Jesús, obviamente. Él oculta con gracia adolescente su Segundo nombre, y te explica, cuando está en confianza, porqué se lo pusieron.

Parece que el parto fue bravo. Mientras su mamá, que era casi una niña, peleaba por pujar, la abuela prometió que si el chiquito salía bien se iba a llamar Jesús. Fue larga esa Nochebuena en los pasillos del hospital, movidita, como siempre en las Fiestas. Y ahí estaban, su abuela, pidiendo a la Virgencita, su mamita, haciendo fuerza y Dieguito, queriendo nacer. Y salió nomás, flaquito y largo, y eso le queda hasta hoy, por eso es el Laucha.

La mamita dijo es Dieguito, como su amor, y la abuela dijo, no, es Jesús, porque se lo prometí a la Virgencita. Fue la única vez que la abuela tuvo que ceder, porque la mamita defendió el nombre de su amor con la fuerza que todavía le venía del pujo, así que Jesús quedó de segundo nombre. Igual, casi, casi no importa, porque él, es el Laucha.

Tiene 19 ahora, pero parece más, lo cual le viene bárbaro según él por una razón fundamental: las minas grandes le dan bola.

Es duro, en serio. Te lo dice la forma de andar, la manera de mirar, pero sobre todo te lo dice el resto. Porque tiene una forma de ser duro muy particular, tiene un carisma innato. Porque el Laucha es así, él entra y lo que sea que esté sucediendo, empieza a suceder alrededor suyo, aunque no haya abierto la boca, aunque no sea su estilo pavonearse.

Tiene unos ojos negros profundos en donde se cuelan 10 matices diferentes de mirar.

El Laucha es secote, salvo cuando juega a la pelota. La alegría se le apodera del cuerpo y parece otro pibe.

Es duro, en serio. Después de él vinieron las tres hermanas, con la pareja nueva de su mamá, un santiagueño buenazo, laburante, que lo quiere al Laucha como suyo y así lo crió, aunque no fue fácil. Muchos chicos, poca plata. Hace seis años, cuando nació la más chiquita, el parto se complicó otra vez y la mamá falleció a los pocos días de parir, con una infección mal atendida o agarrada tarde. La abuela no pudo superarlo y perdió la energía de trueno que siempre tuvo. Se ocupa de las cosas de la casa y de las nenas, cuando no se extravía en el sopor.

Ahí el Laucha se les escurrió, y se endureció. Se le turbó la mirada para siempre, la sonrisa despreocupada y fresca quedó para los goles y empezó a andar a las patadas con el mundo. A la escuela empezó a correrle el cuerpo y cuando iba estaba intratable. Así anduvo, haciendo doble cada año por las faltas, porque no estudiaba, porque se mandaba unas trastadas importantes.

Así anduvo hasta que no anduvo más y colgó el guardapolvo (o vaya uno a saber donde lo puso). La abuela y el padre no supieron más qué hacer o no pudieron. Quedaron la calle, los rebusques para sus gastos, los bailes y los pibes. A la escuela seguía yendo todos los días a buscar a las hermanas, las dejaba en su casa (para que ningún gil se zarpe, dice, y la verdad es que con él de chaperón, eso no va a suceder) y después volvía a pararse en la esquina, en el kiosco, a tomar cerveza y ver pasar chicas.

De paso también cuidaba la relación de los pibes con la escuela, ahora que él no estaba adentro saludaba por el nombre a cada docente, y ubicaba al que se pasara de la raya un poco. Cada tanto entraba algún profe al colegio y comentaba que estaba Diego afuera en la esquina, una lástima este pibe, es inteligente y no es malo, y ahora se la pasa sin hacer nada...

Marzo. Con el calor el barrio vive en la calle. Los pibes más. Pero este marzo, el Laucha dejó la esquina, al menos por un rato. Se apareció el primer día de clase y dijo que quería venir a la noche a terminar el secundario. No dijo más y arrancó. Después, más en confianza, como en mayo, contó. Tiene una novia dos años más grande que lo marca de cerca, y está embarazada. Necesita laburar en serio porque lo de su padre no alcanza para tantas bocas y a ella su familia no le habla desde que se enteraron del bebé. Está preocupado porque las hermanas tienen que volver solas a la casa, pero anda un poco mejor con su viejo.

Se queja en broma del carácter de su novia, pero volvió a la escuela. Le va muy bien, es un lúcido. Terminó de leer su primer libro este año, Operación Masacre, de Walsh, que le recomendó un profe y fue a buscar medio de incógnito a la biblioteca de la escuela. Sí, está bueno, concedió.

Sigue secote, aunque cuando habla de su futuro hijo se le cuela un brillo especial en la mirada, y algo se le transforma en la sonrisa.

Se llama Diego Jesús, le dicen el Laucha. Tiene un carisma innato. Nació la madrugada de un 25 de diciembre, en un hospital del conurbano.+ (PE)

Fonte:
PreNot 8646 de 28/12/2009

Conto de Natal (4): Buenas Noches, Soy Jesús de Juan Carlos Dido

Lo dijo con total naturalidad, parado junto a la puerta que abrió suavemente. Sus palabras interrumpieron súbitamente la fiesta de Navidad.

-Buenas noches, soy Jesús.
Una túnica clara, sandalias y una vincha que sujetaba la larga cabellera constituían toda la vestidura del personaje que se presentó imprevistamente y suspendió en un cortante silencio y una férrea inmovilidad a todos los que participaban del festejo.

La parálisis duró pocos segundos, hasta que uno se atrevió a intervenir.
-Ché, este debe ser el mismo que el año pasado se disfrazó de Papá Noel. ¿Se acuerdan? Fue muy gracioso.
-Claro, seguro, tiene que ser el mismo –gritaron todos a coro, sacudiéndose la sorpresa inicial.
-Yo no me disfrazo –aclaró el visitante sin irritarse. –Soy el mismo de siempre.
-¡Qué grande flaco! Este no solo se disfrazó de Cristo, también tiene respuestas para identificarse con el personaje.
-Es maravilloso. Así que sos Jesús, o Cristo, o Jesucristo, el Señor y Salvador, bah...
-Ustedes lo han dicho.
-Y claro que lo decimos nosotros.
-Te confesamos que el efecto de tu estratagema es extraordinario. Sos idéntico a los dibujos de las estampitas y las figuras de muchos cuadros famosos.
-¡Qué gracioso! ¡Quién hubiera dicho, Jesús viejo y peludo!
-¿Y qué andás haciendo por aqui?
-Decidí presentarme en mi fiesta. ¿Acaso no están celebrando mi venida?
-Claro, flaco, tenés razón. Aquí está el árbol adornado y abunda la bebida y la comida.
-Yo soy el pan de vida y el agua viva. El que come y bebe esto no tendrá hambre ni sed jamás.
-¿Oyeron, oyeron? Ni hambre ni sed. Está totalmente chapita. ¡Viva la Navidad, viva la alegría! Traigan más sidra, champán y pan dulce.
-Vení, mirá, Jesús, este árbol es verdadero. No quisimos colocar uno de plástico importado. Este es un tronco de pino natural, es un árbol de Navidad ecológico, nada de imitaciones.
-Bueno, ¿a qué viniste? No vas a decir que nos aplicarás el castigo eterno (carcajadas, gritos, burlas).
-Vine a cumplir.
-Vino a cumplir. ¿Escucharon? A cumplir. Me parece que vos traés una curda de novela.
-Tomá, tomá otra copa y comé un cacho de pan dulce; dale, divertite con nosotros.
Gritá, gritá: ¡viva la Navidad, viva Jesús!
-Bienaventurados los que lloran.
-Pero qué estás diciendo, flaco. Aquí nadie llora. ¿No ves que estamos todos muertos de risa y de placer? ¿Por qué o por quién vamos a llorar?
-Bienaventurados los pobres.
-¿De qué pobres estás hablando, loco? Dejá a los pobres en las villas miseria o en los asilos. Aquí todos tenemos cierto nivel. Dejate de tirar pálidas y divertite. La navidad es para divertirse.
-Bienaventurados los de limpio corazón.
-Huyyy...los de limpio corazón. Esta es la época de los trasplantes y vos venís a hablar de limpio corazón. Tenemos que reconocer que te aprendiste bien el papel.
-Creen en Dios, crean también en mí.
-Esa sí es una frase bárbara. Sí, sí, todos los que estamos acá creemos en vos, creemos que sos un tipo que no se encuentra en sus cabales, que quiso hacer una broma, que se disfrazó de Jesús, quiso ser original, realizar una actuación... cómo se llama... la psicología tiene un nombre para este juego...
-¿Hay aquí algún samaritano?
-¿Pero qué tontería es esa, flaco? ¿No te parece que te estás pasando? A ver, sí, mirá, aquí hay uno; ché Raúl, te llama el flaco. Raúl es Samaritano... de apellido.
-¿Hay aquí algún hijo pródigo?
-Pero viejo, esa clase de hijo no existe aquí ni en ningún lado. Se ve que vos no sos de este mundo.
-¿Quiénes trabajan en la viña?
-Por Dios, este sí que está loco de remate. ¿Pero no sabés los problemas que hay con la desocupación? Mirá, muchos de los que están acá son patrones que hacen trabajar a otros; algunos viven de renta, que es casi lo mismo; unos cuantos son ñoquis y el resto tiene una profesión o un oficio y nada más. Trabajar en la viña ¿a quién se le ocurre?
-Arrepiéntanse, cambien de actitud.
-Arrepentirnos de qué. Cambiar de actitud ahora que estamos en plena celebración de la navidad, que nos podemos olvidar de los problemas; por favor, flaco... y preparate que dentro de un rato vienen los cohetes. No te imaginás los petardos y rompeportones que trajimos. ¡Viva la navidad, viva la alegría! Esta es la pura verdad, loco.
-Yo soy el camino, la verdad y la vida.
-¿Oyeron, oyeron? Está rayado del todo.
-¿Sabés lo que vamos a hacer con vos, flaco? Ya que sos Jesús, te vamos a poner en el árbol de Navidad, como un adorno viviente.
-¡Sí, sí, en el árbol, en el árbol!
Entre gritos, burlas, golpes y apretujones lo arrastraron hasta el árbol y lo alzaron a la parte más alta, sujetándolo con los cables de las luces multicolores.
-¡Viva la navidad, viva el Salvador!
Quedó con los brazos en cruz y la mirada hacia el cielo. Aunque las dijo en un susurro, todos entendieron sus últimas palabras:
-Padre, de nuevo te encomiendo mi espíritu; pero esta vez no los perdones, porque ahora sí saben lo que hacen.

Entonces comenzaron las explosiones. Primero fueron los cohetes y los petardos y las bengalas. Después los rayos, los truenos, los relámpagos, los fuegos, los terremotos, los volcanes, los tornados, los maremotos, los huracanes...

Muchos clamaban perdón y misericordia, pero Jesús, crucificado en el árbol de Navidad, ya no podía escucharlos.+ (PE)

(*) Juan Carlos Dido, comunicador, es miembro de la Iglesia Metodista de Flores, Buenos Aires. Escritor, publicó numerosos artículos y libros. Entre estos Identikit de los argentinos; Fábula en la literatura argentina; Como hablar bien en público; Fabulas urbanas.


Fonte:
PreNot 8640 de 23/12/2009

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Conto de Natal (3): Cuando la Navidad detuvo la guerra.

Escuchar los villancicos, me recuerdan los buenos momentos y las buenas historias...


En Ypres, la Noche de Navidad, hubo luna llena. La tierra helada refulgía con blancuzco resplandor. Normalmente aquella hora, en aquel sector importante del frente, la Tierra de Nadie se llenaba de figuras sombrías que corrían, unos en labor de reconocimiento, otros tratando de recuperar a sus heridos y a sus muertos.


Esporádicamente, los llanos y feos sembradíos de nabos de Flandes eran iluminados por luces de Bengala. Aquella noche, en cambio, una calma parecía flotar en el aire diáfano. Se advirtió una luz en el este, encima de las trincheras alemanas, demasiado baja para ser una estrella. Para la sorpresa de los ingleses nadie disparara contra ella.


Apareció entonces otra luz. Y luego otra. De pronto hubo luces a lo largo de las trincheras enemigas, hasta donde se alcanzaba ver. “¡Dios mío! ¡Los alemanes tienen árboles de Navidad!”, gritaron los británicos. Entonces, de una trinchera alemana a no más de 50 metros, el coro de voces de barítono jamás oído, empezó a entonar “Noche de Paz, Noche de Amor”.


Al terminar el villancico, todo el regimiento vitoreó a los alemanes y cantó a coro “La Primera Navidad”. Aquella mutua serenata duró una hora, interrumpida por gritos de “¡Vengan a vernos!” y “¡No, tú ven aquí!”. Pero ningún bando se movió.


En el sector del frente, luego de la serenata un alemán empezó a avanzar hacia las trincheras británicas, seguido por media docena de otros alemanes, todos desarmados con las manos en los bolsillos. Por un momento pareció que iban a rendirse pero los ingleses también empezaron a salir de sus trincheras.


Amaneció el día de Navidad frío, claro, refrescante… y pacífico. La tierra de nadie pronto se llenó con miles de soldados de ambos bandos, que caminaban unos junto a otros y se tomaban fotografías. Se improvisaron partidos de fútbol y se entabló un encuentro en toda forma, que los sajones ganaron por tres a dos.


Algunos se arrancaron botones del uniforme, para ofrecerlos como presentes de Navidad. Los soldados que tenían habilidades especiales hicieron lo que pudieron. Un barbero inglés cortó el pelo a dóciles alemanes que se hincaban en tierra. También lo fue la oportunidad de celebrar una solemne ceremonia en la Tierra de Nadie. Soldados de los dos ejércitos cavaron tumbas, unas al lado de otras, luego el capellán, con la ayuda de un estudiante de teología, alemán, ofreció un servicio fúnebre conjunto.

Al no haber disparo, un joven inglés despertó más tarde de lo habitual la mañana de Navidad. Cuando por fin se unió a los demás, se encontró con un estudiante de Leipzig, de su misma edad. El alemán había recibido un paquete de Navidad, que ambos abrieron y compartieron: dulces, un pastel y un paquete de puros.


Ambos bandos comprendían, por supuesto, que la tregua no sería bien recibida entre sus respectivos oficiales. Hubo un acuerdo tácito de guardar el secreto.


Cuando, por la tarde, se supo que un brigadier británico estaba en camino para inspeccionar el batallón, alemanes e ingleses corrieron de regreso a sus trincheras, como niños traviesos. A la hora que llegó el brigadier, los ingleses pudieron presentar un cuadro convincente de un ejército en guerra. Los centinelas miraban por las troneras y había soldados tras las ametralladoras.


Después de una breve inspección, el brigadier estaba a punto de partir cuando notó que la cabeza y los hombros de un alemán asomaban por encima del parapeto. Al exigir que se le dispare al enemigo, los soldados obedecieron pero nunca apuntando al blanco. El tercer disparo pasó silbando a pocos centímetros del enemigo, quien captó el mensaje y desapareció levantando los brazos. El brigadier pareció satisfecho con esta “victima”, y se fue. Los hombres no tardaron en volver a salir de sus trincheras.


Al ponerse el sol, casi no se habían oído disparos en todo el frente durante 24 horas. Cuando el alto mando se enteró por fin de lo ocurrido, montó en cólera. Los oficiales se alarmaron por el total desquiciamiento de la disciplina militar. También les preocupó que sus hombres descubrieran que sus enemigos no eran aquellos monstruos que, según la propaganda, había matado con bayoneta a niños y mujeres, sino gente sencilla, común como ellos mismos.


La tregua navideña de 1914 continuó en algunos sectores del frente hasta el Año Nuevo, y aún después. “tuvimos que dejar que durara todo ese tiempo”, explicó un alemán, en una carta enviada a su casa. “Queríamos ver cómo salían las fotos que ellos nos tomaron”.


Acordaron que, cuando un bando tuviese que romper la tregua, dispararían una salva al aire para dar tiempo al enemigo de volver a sus trincheras. La salva sonó el 29 de diciembre, y los hombres retornaron a toda carrera a sus trincheras.


Minutos después se reanudó el fuego, en serio. Las unidades de uno y otro bando menos dispuestas a proseguir la lucha fueron desmembradas y distribuidas en otros sectores. Un número indeterminado de soldados franceses fue pasado por las armas como escarmiento. Los alemanes poco combativos serían enviados al frente oriental.


Las cartas en las que los soldados relataban a sus familias los pormenores de esa insólita celebración navideña fueron censuradas. + (PE)


Fonte: PreNot 8637 de 23/12/2009


Conto de Natal (2): Cuento de Navidad por Ray Bradbury

El día siguiente sería Navidad y, mientras los tres se dirigían a la estación de naves espaciales, el padre y la madre estaban preocupados. Era el primer vuelo que el niño realizaría por el espacio, su primer viaje en cohete, y deseaban que fuera lo más agradable posible.

Cuando en la aduana les obligaron a dejar el regalo porque pasaba unos pocos kilos del peso máximo permitido y el arbolito con sus hermosas velas blancas, sintieron que les quitaban algo muy importante para celebrar esa fiesta. El niño esperaba a sus padres en la terminal. Cuando estos llegaron, murmuraban algo contra los oficiales interplanetarios.

-¿Qué haremos?
-Nada, ¿qué podemos hacer?
-¡Al niño le hacía tanta ilusión el árbol!

La sirena aulló, y los pasajeros fueron hacia el cohete de Marte. La madre y el padre fueron los últimos en entrar. El niño iba entre ellos, pálido y silencioso.
-Ya se me ocurrirá algo -dijo el padre.
-¿Qué...? -preguntó el niño.

El cohete despegó y se lanzó hacia arriba al espacio oscuro. Lanzó una estela de fuego y dejó atrás la Tierra, un 24 de diciembre de 2052, para dirigirse a un lugar donde no había tiempo, donde no había meses, ni años, ni horas.

Los pasajeros durmieron durante el resto del primer "día". Cerca de medianoche, hora terráquea según sus relojes neyorquinos, el niño despertó y dijo:
-Quiero mirar por el ojo de buey.
-Quiero mirar por el ojo de buey.
-Todavía no -dijo el padre--. Más tarde.
-Quiero ver dónde estamos y a dónde vamos.
-Espera un poco --dijo el padre.

El padre había estado despierto, volviéndose a un lado y a otro, pensando en la fiesta de Navidad, en los regalos y en el árbol con sus velas blancas que había tenido que dejar en la aduana. Al fin creyó haber encontrado una idea que, si daba resultado, haría que el viaje fuera feliz y maravilloso.

-Hijo mío -dijo-, dentro de medía hora será Navidad.

La madre lo miró consternada; había esperado que de algún modo el niño lo olvidaría. El rostro del pequeño se iluminó; le temblaron los labios.
-Sí, ya lo sé. ¿Tendré un regalo? ¿Tendré un árbol? Me lo prometisteis.
-Sí, sí. todo eso y mucho más -dijo el padre.
-Pero... -empezó a decir la madre.
-Sí -dijo el padre-. Sí, de veras. Todo eso y más, mucho más. Perdón, un momento. Vuelvo pronto.
Los dejó solos unos veinte minutos. Cuando regresó, sonreía.
-Ya es casi la hora.
-¿Puedo tener un reloj? -preguntó el niño.

Le dieron el reloj, y el niño lo sostuvo entre los dedos: un resto del tiempo arrastrado por el fuego, el silencio y el momento insensible.
-¡Navidad! ¡Ya es Navidad! ¿Dónde está mi regalo?
-Ven, vamos a verlo -dijo el padre, y tomó al niño de la mano.

Salieron de la cabina, cruzaron el pasillo y subieron por una rampa. La madre los seguía.
-No entiendo.
-Ya lo entenderás -dijo el padre-. Hemos llegado.

Se detuvieron frente a una puerta cerrada que daba a una cabina. El padre llamó tres veces y luego dos, empleando un código. La puerta se abrió, llegó luz desde la cabina, y se oyó un murmullo de voces.

-Entra, hijo.
-Está oscuro.
-No tengas miedo, te llevaré de la mano. Entra, mamá.

Entraron en el cuarto y la puerta se cerró; el cuarto realmente estaba muy oscuro. Ante ellos se abría un inmenso ojo de vidrio, el ojo de buey, una ventana de metro y medio de alto por dos de ancho, por la cual podían ver el espacio. El niño se quedó sin aliento, maravillado. Detrás, el padre y la madre contemplaron el espectáculo, y entonces, en la oscuridad del cuarto, varias personas se pusieron a cantar.

-Feliz Navidad, hijo -dijo el padre.

Resonaron los viejos y familiares villancicos; el niño avanzó lentamente y aplastó la nariz contra el frío vidrio del ojo de buey. Y allí se quedó largo rato, simplemente mirando el espacio, la noche profunda y el resplandor, el resplandor de cien mil millones de maravillosas velas blancas. (PE)

Fonte: EcuPress - PreNot 8634 de 22/12/2009

Contos de Natal (1): El robo de la gran tienda por por Josep Castelló [Barcelona, España, UE]

Es mitad de diciembre, casi ya Navidad, tiempo de esperanza según la tradición cristiana. El público acude a los comercios a proveerse de regalos. Estamos en una tienda de gran superficie, perteneciente a una cadena de ámbito internacional especializada en útiles y vestimenta para diversas actividades deportivas. La gran nave está abarrotada de mercancía y de gente. Las dependientas no dan abasto a atender lo que les piden, por lo que el público se las arregla como puede para encontrar lo que busca. Todo el mundo remueve las estanterías repletas de género, aunque sin demasiada idea de donde tiene que buscar.

Quien vigila a través de las cámaras ve un cliente que, por su aspecto, le parece sospechoso y decide observar atentamente sus movimientos, en previsión de que pudiese ser un ladrón. La gran densidad de gente hace difícil ver lo que en realidad hace cada cual, pero aun así el vigilante concentra su atención en ese joven, dispuesto a evitar que hurte nada.

Al cabo de un rato, después de recorrer diversas zonas de la tienda sin que aparentemente haya encontrado lo que buscaba, el joven sale por la puerta de “salida sin compra” y se dirige a la “salida al exterior”.

El encargado de las cámaras, persistiendo en su sospecha, activa el cierre de las puertas y avisa a un guardia de seguridad, quien se acerca al joven y tras un breve intercambio de palabras trata de hacerlo entrar en un cuarto contiguo.

El joven se niega. Discuten, forcejean... y el guardia va a parar al suelo. En aquel momento un espontáneo surge de entre el público y arremete contra el joven, lo que da tiempo al guardia a incorporarse y volver a la pelea. Entretanto ha sido alertado otro guardia de seguridad de la empresa y entre ambos y el espontáneo sujetan y maniatan al “sospechoso”. Lo arrastran hacia el cuarto, se encierran dentro y a poco aparece una patrulla de policía que entra también en el cuarto y cierra tras de sí la puerta.

Todo ha concluido. El orden ha sido restablecido. Alguien apunta que una buena paliza y un tiempo entre rejas enseñarán a ese desgraciado a respetar a los agentes de seguridad.

La paz es un bien estimable. El orden y las fuerzas que lo garantizan merecen todo nuestro apoyo. Los atentados a la propiedad privada de las grandes cadenas de tiendas debieran ser considerados acciones terroristas, por cuanto que alteran la paz y subvierten el orden establecido.

Pasado ya el susto, la gente vuelve a entregarse a la grata tarea de comprar sus regalos navideños, puesto que sin ellos no se concibe hoy la Navidad en nuestra “civilización occidental cristiana”.
Tiendas como la presente contribuyen a mantener la ilusión navideña, un año tras otro, en nuestra opulenta sociedad sin que nos lleguen los pesares de quienes dejan su vida en jornadas agotadoras de trabajo para ganar un mísero sustento.

Lejos nos quedan las maquilas y la miseria de quienes en ellas trabajan en régimen de explotación, de esclavitud casi, sin derechos laborales, donde el menor reclamo conlleva el despido inmediato y las reivindicaciones colectivas son tenidas por alteraciones del orden público y reprimidas como tales por la policía.

Cierto que, si bien se mira, ese orden que impone la pobreza a millones de seres humanos equivale a robarles la vida en beneficio nuestro. Pero desde la perspectiva de la moral capitalista que nos rige no hay que tener por ello cargos de conciencia, porque el robo de esas vidas no es robar sino “crear riqueza”.

Entonemos pues aleluyas y gocemos de los beneficios que el “sagrado” orden establecido nos reporta. ¡Qué duda cabe de que vivimos en el mejor mundo posible! ¡FELIZ NAVIDAD! (PE)

Fonte: EcuPRESS. PreNot 8631 de 21/12/2009

Compartimos imperdibles: De un discurso de José Mujica, Presidente Electo de la República Oriental del Uruguay.

Me gusta pensarme como alguien que le gusta darse baños en piscinas llenas de inteligencia ajena, de cultura ajena, de sabiduría ajena. Cuanto más ajena, mejor. Cuanto menos coincide con mis pequeños saberes, mejor.……

Lo que digo, no lo digo como chacarero sabiondo, ni como payador leído, lo digo buscando con ustedes.

Lo digo, buscando, porque sólo los ignorantes creen que la verdad es definitiva y maciza, cuando apenas es provisoria y gelatinosa. Hay que buscarla porque anda corriendo de escondite en escondite. Y pobre del que emprenda en soledad esta cacería.……

La inteligencia que le rinde a un país es la inteligencia distribuida. Es la que no está sólo guardada en los laboratorios o las universidades, sino la que anda por la calle.
La inteligencia que se usa para sembrar, para tornear, para manejar un autoelevador o para programar una computadora. Para cocinar, para atender bien a un turista, es la misma inteligencia.
Unos subirán más escalones que otros, pero es la misma escalera….Para todo se precisa la misma mirada curiosa, hambrienta de conocimiento y muy inconformista.
Se termina sabiendo, porque antes supimos estar incómodos por no saber.……

Sueño con un país en el que los padres le muestren el pasto a los hijos chicos y le digan: “¿Sabés qué es eso?, es una planta procesadora de la energía del sol y de los minerales de la tierra”.
O que les muestren el cielo estrellado y hagan piecito en ese espectáculo para hacerlos pensar en los cuerpos celestes, en la velocidad de la luz y en la transmisión de las ondas.
Y no se preocupen, que esos uruguayos chicos igual van a seguir jugando al fútbol. Sólo que, en una de esas, mientras ven picar la pelota puedan pensar a la vez en la elasticidad de los materiales que la hacen rebotar.……

Había un dicho: “No le des pescado a un niño, enséñale a pescar”.
Hoy deberíamos decir: “No le des un dato al niño, enséñale a pensar”.
Tal como vamos, los depósitos de conocimiento no van a estar más dentro de nuestras cabezas, sino ahí afuera, disponibles para buscarlos por Internet.
Ahí va a estar toda la información, todos los datos, todo lo que ya se sabe.
En otras palabras, van a estar todas las respuestas.
Lo que no van a estar son todas las preguntas.
En la capacidad de interrogarse va a estar la cosa. En la capacidad de formular preguntas fecundas, que disparen nuevos esfuerzos de investigación y aprendizaje……

Antes les decía que la inteligencia que le sirve a un país es la inteligencia distribuida.
Ahora les digo que el inconformismo que le sirve a un país es el inconformismo distribuido.
El que ha invadido la vida de todos los días y nos empuja a preguntarnos si lo que estoy haciendo no se puede hacer mejor……

Una cultura del inconformismo es la que no nos deja parar hasta conseguir más kilos por hectárea de trigo o más litros por vaca lechera.
Todo, absolutamente todo, se puede hacer hoy un poco mejor que ayer.
Desde tender la cama de un hotel a matrizar un circuito integrado.
Necesitamos una epidemia de inconformismo.
Y eso también es cultural, eso también se irradia desde el centro intelectual de la sociedad a su periferia……

Fonte:
30/12/2009 - PreNot 8650
Agencia de Noticias Prensa Ecuménica
598 2 619 2518 Espinosa 1493.
Montevideo. Uruguay
www.ecupres.com.ar
asicardi@ecupres.com.ar

EcuPRESS - Testimonio: Del 25 al 31... por Adolfo Pedroza [Rosario, Santa Fe]

Muchos optan por decir... tiempo de balance. Se meten en sesudos análisis de sus vidas y relaciones en el tiempo que pasó ya los trescientos cincuenta y pico de días. Debo reconocer que nunca me interesó está práctica mas allá de pensar tres o cuatro cosas importantes y seguir en los proyectos que venía.

Hoy desocupado y habiendo pasado con creces el codo de los 50; salgo de mis anteojeras y voy “oteando el horizonte de lo macro”; para preguntarme ¿Cómo estoy? ¿En que mundo vivo? ¿Entiendo yo este tiempo? La visión de desocupado no hace falta ilustrarla porque todos ya saben que forma parte de una realidad de nuestro país y el mundo, y además es un tema que
nuestros amigos y conocidos - que tienen trabajo - esquivan. Y yo quiero que ellos lean estas líneas, que al fin y al cabo son de las que hablamos cuando nos encontramos.

Si el punto de inicio es nuestra provincia, Santa Fe, festejamos un socialismo al cual le cuesta manejar la crisis general que se vive, sobre todo en lo que hace a conductas corruptas ya instaladas y generalizadas que son difícil de extirpar.

Mucho se ha hecho; queda mucho por hacer y el tiempo se consume. No hace falta decir lo difícil de gobernar cuando “no se es del palo”; pero bastante se hizo y se puede seguir haciendo. A “los del palo”, y ya entrando a nivel país, no les va mucho mejor; se han cometido muchos errores groseros e infantiles, por no decir mal intencionados. Se ha dejado pasar un inmejorable momento internacional de resurgir y hacerse fuerte mientras median fuerzas como chicos para dejar en claro “quien manda”; cosa que basa su ridiculez en el hecho de que nadie lo había puesto en duda.

Después nos toco la crisis como a cualquiera. Como siempre, la pagaron –y seguirán pagando- los que menos tienen. Hay también aquí oportunidades por dos años más para actuar; comenzar a hacerlo con inteligencia, escuchar a todos los votantes y gobernar con sabiduría y mansedumbre. Humildemente pienso que quizás halla que marginar el futbol por TV y poner énfasis en otras cosas que sean realmente importantes “para todos y todas”.

Pasando a lo internacional, me preocupan dos cosas, que están íntimamente ligadas. Frases de un Obama diciendo: “La guerra no debe glorificarse y tiene un costo, pero los instrumentos de la guerra tienen un papel que jugar para mantener la paz". Luego acotó sobre la paz - cínicamente para mi gusto - "la creencia de que es necesaria raramente es suficiente para lograrla". Dicen que cuando recibió la medalla expresó que lo hacía con profunda gratitud y una gran humildad; y yo
esperé que la devolviera. Parece que tendré que seguir esperando.

Que decir de una cumbre que nos esperanzó y decepcionó en igual medida alcanzando un acuerdito de mala muerte y una pálida declaración final con metas que sabemos que no se cumplirán y que, en la práctica, nadie esta obligado a nada.

La esperanza de un mundo mejor tratado y donde sea hermoso vivir, pareció esfumarse y traernos aquella frase del Hamlet de Shakespeare. “Algo esta podrido en Dinamarca”.

Al faltarle el maquillaje, la calavera va quedando más al descubierto y nos muestra la cara que todos conocemos de lo que se denomina capitalismo –que reparte hambre y miseria- y el neoliberalismo, que dentro de él va por todos los recursos naturales del planeta . En sus planes las personas somos descartables y el consumismo es el tótem de adoración.

Es evidente que entramos en nuevos tiempos y se perciben difíciles. Los consensos empiezan a verse como utopías y cuestan más nuestras luchas y denuncias. El eje de conflicto norte-sur acentúa mas las diferencias entre los que tienen y los que no tienen (tenemos). El gigante modelo capitalista, junto a su neoliberalismo y su consumismo; mata a su alrededor mientras tambalea y muchos y muchas ya nos damos cuenta sobre quienes caerá. + (PE)

Fonte:
29/12/2009 - PreNot 8648
Agencia de Noticias Prensa Ecuménica
598 2 619 2518 Espinosa 1493.
Montevideo. Uruguay
www.ecupres.com.ar
asicardi@ecupres.com.ar