
Me ocupo coisas poucas e com devaneios irreais que me fazem sofrer, e sofrer muito, mas não consigo excluir tais pensamentos de minha cabeça. O ócio parece deixar-me doente, sem vontade de nada fazer... como agora que estou no bar escrevendo essas reminiscências quando deveria, em verdade, estar escrevendo minha tese de doutorado.
Nesse vazio de algo que parece que está por vir a cabeça pensa coisas mil e medos que temos desde muito tornam-se monstros com os quais passamos a ter que conviver. Não gosto dos monstros que criei, nem quero conviver com eles. Quero libertar-me, mas sinto-me sem forças e tomado pela dor agonizante de sentir-se só, deslocado, sem causa ou porque.
Meus olhos se enchem de lágrimas mas o choro não sai. Meu peito estufa-se na vontade de gritar, mas nem um breve sibilar soturno se faz presente. Preciso reagir, mas não sei exatamente como pois, se não reagir, sinto que vou estagnar. E, parar no tempo.
Pela janela as pessoas vão e vêm num movimento caótico e desordenado, rumam para todos os lados e para lugar nenhum. Rumam para todos os lados, mas as vezes não saem do lugar. E um vai-e-vem que foi, e agora, já é.